terça-feira, 15 de março de 2011

Temos visto que o governo da providência divina se estende às menores coisas. Ele envolve o controle detalhado dos pormenores das nossas vidas.

É verdade que, por sermos povo de Deus, Ele sempre é por nós, mas esta questão de ser “por nós” muitas vezes deve ser vista em termos de longo prazo, ou mais imediatamente, há situações que Deus PARECE está contra nós. Conseqüentemente, temos o paradoxo em que, mesmo quando Deus [parece] está contra nós, Ele é por nós. Como um pai verdadeiramente amoroso e sábio que não dá ao filho tudo que este lhe pede, assim é Deus, às vezes irá impedir nossos planos e agir contra a nossa vontade exatamente porque está trabalhando para nosso bem maior.

“Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?

Por que razão me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio.

Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida.” Hc 1:2-4

Habacuque amava a sua nação e estava angustiado com as circunstâncias da situação dela. Israel estava sendo oprimida por um inimigo estrangeiro, e Habacuque se queixava de que Deus não estava ouvindo suas súplicas e estava se recusando a salvar Seu povo. Mais a frente ele continua:

“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?’ V. 13

Habacuque estava tendo problemas de conciliar a natureza santa de Deus com Sua providência aparentemente injusta. Habacuque levantou a pergunta que aparece em todos os estudos sobre a providência de Deus: “Porque, pois olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?”

O fator mais importante do protesto de Habacuque era que Deus não era justo. Habacuque se retirou para a torre de vigia para esperar a resposta de Deus, mesmo Deus tendo falado anteriormente de uma maneira que deveria ter silenciado-o:

“Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando for contada. Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.

Horrível e terrível é; dela mesma sairá o seu juízo e a sua dignidade.

E os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e mais espertos do que os lobos à tarde; os seus cavaleiros espalham-se por toda parte; voarão como águias que se apressam a devorar.” vv 5-8

Nesta passagem, Deus reconhece que está usando uma nação iníqua (os caldeus) para realizar Seus propósitos. Esta é a idéia freqüentemente repetida: Israel fez o que era mal aos olhos de Deus. Um povo emerge para subjugá-lo. Então, o povo se arrepende e clama por livramento e, todas as vezes, Deus levantaria um juiz para livrar Seu povo.

Esta é a questão que Habacuque deveria ter entendido. Deus pode capacitar uma nação iníqua para usá-la por um tempo, mas é sempre por um tempo. Estas nações iníquas sempre recebem uma recompensa justa no final. Por fim, o profeta veio a entender as palavras do seu próprio livro: “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante Dele toda a terra” (Hc 2:2)

Enquanto Habacuque estava exprimindo sua queixa, Deus estava no Seu santo templo. A terra não estava se calando diante Dele. Habacuque não estava se calando diante Dele. Quando Deus se manifestou ao profeta, este chegou a tremer de medo. Todavia, depois que seu medo desapareceu, ele sentiu uma confiança renovada na providência de Deus. Ele aprendeu o ponto principal da fé: tudo o que venha a acontecer, ainda que no momento possa parecer uma grande calamidade, é motivo de alegria e confiança. A pessoa que coloca sua confiança na providência do Senhor tem os pés como os das cervas, capazes de caminhar  seguramente em lugares perigosos.   Quero viver enquanto
estiver acesa, em mim,
a capacidade de me
comover diante da
beleza...
Essa capacidade
de sentir alegria é a
essência da vida...

(Rubem Alves)

seguramente em lugares perigosos.

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